4/10/2012

Transição

Quem me conhece sabe que eu sou extremamente atenta aos meus hábitos de consumo e que procuro sempre fazer as escolhas com menor impacto ambiental. Mas ninguém é de ferro e cheguei a uma altura em que, parecendo humanamente impossível ir mais além, dei por mim a pensar "mas porque raio hei-de eu esgotar-me com tanto esforço, se eu sozinha não posso "salvar o mundo" e os outros em redor parecem não querer saber de fazer a sua parte?".

Não deixei de fazer o que já era meu hábito, mas não tive coragem de ir mais além. Esse "mais além" seria passar a fazer os meus próprios cosméticos e produtos de limpeza caseiros em vez de comprar versões "amigas do ambiente" nas lojas. Era gradualmente comprar alimentos directamente a pequenos agricultores em vez de ir procurar biológico e português ao supermercado. Era procurar aprender artes e ofícios que me permitissem ser mais auto-suficiente.


O plano sempre esteve na minha mente, mas cansada da dedicação que isso exigia e das constantes mudanças na minha vida que me impediam de desenvolver uma rotina, decidi adiar isso para quando um dia tivesse a minha vida mais "arrumada" e, idealmente, uma casinha no campo.
Mas com a crise económica que grassa por este país - fruto do "capitaclismo" que foi sendo varrido para debaixo do tapete na esperança de ninguém desse por isso - a moda da poupança e da auto-suficiência anda por aí à solta. Os grupos de trocas de bens e serviços multiplicam-se. Os blogs com dicas para uma vida mais auto-suficiente e artesanal crescem como cogumelos. O movimento de transição e permacultura deixou de ser coisa de hippies e começou a sair à rua. E eu comecei a sentir que fazia menos para reduzir a minha pegada ecológica que a tiazinha da esquina que descobriu que fazer carteirinhas com pacotes tetrapak está muito in.
Decidi por isso ganhar novo fôlego e retomar a minha caminhada para uma vida pós-carbono. Estou oficialmente em Transição.

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