4/24/2012

Dispensadores de sacos feitos com calças velhas

Este pequeno projecto já o fiz há mais de um ano, mas lembrei-me de o partilhar agora.
Uma vez que costumo levar os meus próprios sacos às compras, não sei como isto sucede, mas tenho sempre imensos sacos de plástico em casa. Dava-me jeito um dispensador de sacos, mas não queria cair no erro de comprar um de plástico, contribuindo ainda mais para a presença deste material no planeta.

Quando umas calças de um pijama de algodão se rasgaram, tive a ideia de fazer dispensadores de sacos com as pernas do dito cujo. Ficaram um bocado grandes, mas na verdade dá imenso jeito que assim sejam.

Deveria postar um guia passo a passo, com fotos bonitas e tal, mas ainda não cheguei a esse nível de refinamento. Além disso, quando há um ano fiz este "projecto", não tinha ideia nenhuma de vir a postá-lo no blog. 

Na foto, um dos dispensadores em acção. Sim, é mesmo grande!


Sumariamente, foram estes os passos deste projecto: 
1 - separei (cortei) as pernas da cintura elástica das calças
2 - separei as pernas uma da outra
3 - ajustei o tamanho de cada perna à altura pretandida
4 - cortei ao meio o elástico da cintura e usei as duas partes para fazer novas "cinturas" nas entradas (topo) de cada dispensador 
5 - usei o cordão que apertava as calças na cintura, para fazer aberturas reguláveis nas saídas (fundo) de cada dispensador 
7 - os dois buracos por onde passava o cordão da cintura original, ficaram localizados convenientemente nas entradas de cada dispensador e serviram na perfeição como ponto de fixação ao porta-panos de parede 

4/19/2012

Higiene oral natural

É impressionante a quantidade de químicos irritantes, cancerígenos e disruptores endócrinos que colocamos voluntariamente no nosso corpo diariamente. Cada vez que vamos comprar uma pasta de dentes, um champô, um óleo de banho, estamos a pagar para que nos envenenem. Depois surpreendemo-nos pela nossa fraca saúde.

Consciente da toxicidade dos produtos cosméticos, há anos que procuro comprar produtos o menos mauzinhos possível, mas nem sempre me mantenho fiel a isso. Mesmo quando consigo resistir à tentação de experimentar o novo champô da marca xyz, que promete revolucionar o meu mundo e espero pelo dia em que passarei no Celeiro para comprar algo mais "natural", acabo sempre desiludida pelo facto de que todos os champôs e, na verdade, todos os produtos cosméticos comercializados, por mais naturais que sejam, por mais ingredientes de origem vegetal que contenham, conterem sempre alguns químicos de síntese altamente suspeitos na sua composição. Há ainda a considerar que a sua produção industrial é sempre causadora de um impacto ambiental não negligenciável, no qual não queremos sequer pensar, dada a conveniência do "pronto a usar". 

Na senda de uma transição para um estilo de vida com um impacto mais reduzido, mais económico e frugal e também mais saudável, decidi progressivamente aprender a utilizar produtos alternativos aos cosméticos comercializados. E comecei precisamente pela pasta de dentes. 
Já usei dentífricos à base de argila e de plantas. Havia um do Celeiro com aroma de anis que era um prazer usar, mas... eram todos ou ainda demasiado químicos ou, simplesmente, demasiado caros! Experimentei um dentífrico japonês em pó, que consistia de beringela torrada e sal, mas também não era propriamente barato e, não raras vezes, deixava-me partículas pretas entre os dentes, o que era um bocado contraproducente. Decidi por isso procurar receitas de dentífricos caseiros e descobri que podemos usar simples bicarbonato de sódio para escovar os dentes. Excelente!

A minha nova rotina de higiene oral!

Mais eficaz será uma mistura de bicarbonato de sódio com cloreto de sódio (vulgo sal de cozinha), numa proporção de 1 para 4, pois o sal, ligeiramente mais abrasivo, ajuda a remover as impurezas dos dentes, além de coadjuvar o bicarbonato como bactericida. Quem faz questão de ter um dentífrico em pasta e não em pó, pode simplesmente adicionar 3 ou 4 colheres de chá de glicerina a 1 copo deste pó, misturar bem, et voilá! Em ambos os casos, pó ou pasta, pode-se ainda adicionar umas gotinhas de óleo essencial de menta, anis, limão, ou outro que se goste e que não seja tóxico para as mucosas, para um toque aromático que torne a escovagem ainda mais agradável. 

Como complemento a este dentífrico natural, um elixir bucal à base de água oxigenada diluída em água na proporção de 1 para 10, ajuda a manter os dentes mais brancos e a boca mais desinfectada. O ideal será bochechar antes da escovagem ou mergulhar a escova no elixir antes de usar o pó ou a pasta, pois a acção combinada dos elementos tem um efeito sinergístico e diz-se que deixa os dentes ainda mais brancos (sem no entanto destruir a camada de esmalte necessária à saúde dos nossos dentes). 

Fiz uma pequena comparação de custos, com base nos preços de dentífricos e elixires à venda num hipermercado e dos ingredientes alternativos à venda no mesmo espaço, tendo em conta as diferenças de preço entre os mais baratos e os mais caros. Não garanto a correcção absoluta dos cálculos e convido-vos a fazerem-nos vós mesmos, mas pretendi ter em conta uma aproximação em termos de quantidades dos produtos comercializados prontos a usar e as suas contrapartes fabricadas em casa (pós mistura e/ou diluição dos ingredientes) e penso que os valores são indicativos daquilo que se pode poupar com esta mudança de hábitos.
 

4/10/2012

Transição

Quem me conhece sabe que eu sou extremamente atenta aos meus hábitos de consumo e que procuro sempre fazer as escolhas com menor impacto ambiental. Mas ninguém é de ferro e cheguei a uma altura em que, parecendo humanamente impossível ir mais além, dei por mim a pensar "mas porque raio hei-de eu esgotar-me com tanto esforço, se eu sozinha não posso "salvar o mundo" e os outros em redor parecem não querer saber de fazer a sua parte?".

Não deixei de fazer o que já era meu hábito, mas não tive coragem de ir mais além. Esse "mais além" seria passar a fazer os meus próprios cosméticos e produtos de limpeza caseiros em vez de comprar versões "amigas do ambiente" nas lojas. Era gradualmente comprar alimentos directamente a pequenos agricultores em vez de ir procurar biológico e português ao supermercado. Era procurar aprender artes e ofícios que me permitissem ser mais auto-suficiente.


O plano sempre esteve na minha mente, mas cansada da dedicação que isso exigia e das constantes mudanças na minha vida que me impediam de desenvolver uma rotina, decidi adiar isso para quando um dia tivesse a minha vida mais "arrumada" e, idealmente, uma casinha no campo.
Mas com a crise económica que grassa por este país - fruto do "capitaclismo" que foi sendo varrido para debaixo do tapete na esperança de ninguém desse por isso - a moda da poupança e da auto-suficiência anda por aí à solta. Os grupos de trocas de bens e serviços multiplicam-se. Os blogs com dicas para uma vida mais auto-suficiente e artesanal crescem como cogumelos. O movimento de transição e permacultura deixou de ser coisa de hippies e começou a sair à rua. E eu comecei a sentir que fazia menos para reduzir a minha pegada ecológica que a tiazinha da esquina que descobriu que fazer carteirinhas com pacotes tetrapak está muito in.
Decidi por isso ganhar novo fôlego e retomar a minha caminhada para uma vida pós-carbono. Estou oficialmente em Transição.

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