10/29/2006

Compras em Bruxelas

Em Bruxelas é muito mais fácil ser-se ecológico e ter uma menor pegada ecológica do que em Lisboa. No entanto a pegada ecológica dos Bruxelenses é uma das mais altas da Europa. Alguém tem que puxar as orelhas aos bruxelenses...
Hei-de falar um pouco de várias questões relacionadas com a ecologia em Bruxelas, mas hoje começo pelas compras.
Aqui os mercados, feiras e lojas em 2ª mão são inúmeros e muito frequentados e toda a gente tem carrinhos para transportar as suas compras, que em Portugal só as velhotas usam para ir ao mercado. Também há uns quantos supermercados, mas parece-me que os mercados e feiras têm mais sucesso e ao domingo o metro enche-se de pessoas com os seus carrinhos, a irem ou a virem dum mercado local ou duma feira.
As lojas e feiras de produtos em 2ª mão são um sucesso. Abundam e vendem de tudo um pouco. A mais conhecida é Le Petit Riens, pertencente a uma associação que aceita roupas, móveis, electrodomésticos, cds, bibelots, brinquedos e tudo o que se possa imaginar, para vender depois em 2ª mão. Os lucros revertem a favor de pessoas sem-abrigo e carenciadas, algumas das quais estão directamente envolvidas no funcionamento das várias lojas por todo o país. A associação possui uma oficina que recupera móveis e li que, por exemplo, das 100 toneladas de móveis que recolheram o ano passado, 95% foi recuperada ou reciclada e apenas 5% teve mesmo que ir para o lixo. Esta associação é um exemplo excelente de permacultura em acção.
Passado algum tempo em Bruxelas percebi que o carrinho de compras era mesmo essencial, mas os que se encontram à venda ou são demasiado pequenos ou demasiado caros (alguns chegam a custar 150 euros). Decidi construir o meu próprio carrinho. Comprei uma estrutura metálica com rodas no IKEA por 5 euros, para transportar sacos e caixotes e comprei duas mochilas em 2ª mão no Petit Riens por outros 5 euros, et voilá, montei o meu próprio carrinho de compras, muito mais original que todos os outros que encontro na rua. Já fui várias vezes às compras com ele e funciona perfeitamente. Só tem um defeito - faz um bocado de barulho em piso mais acidentado, um chocalhar metálico que ainda não consegui eliminar por completo, mas quando está carregado de compras o barulho desaparece.

Entretanto já convenci o meu chefinho a ter um compostor na varanda e estou a fazer planos para encher o resto do espaço com legumes. Houve alguma oposição à ideia, porque estes ecologistas de trazer por casa acham que isso é excelente quando se está no campo mas não num escritório em Bruxelas. Mas se tivessem feito um curso de Permacultura iriam perceber porque é que é mais importante compostar e ter legumes numa varanda em Bruxelas do que numa horta no campo. Mas vão acabar por perceber, quando virem na prática o que isso representa.

Número total de visualizações de páginas